Pássaro de ferro

Sentei-me confortavelmente nesta gélida manhã e deixei minha mente vagar e meu coração descascar-se em anseios estranhos.
Desejei poder prolongar minha vida até o momento crucial em que todas as dúvidas desaparecessem no ar.
Paulatinamente, treinei-me para sonhar alto e mais alto e, em seguida, minhas palavras me impulsionaram para o infinito. Porém, este pequeno corpo precisa de força, e não apenas de anseios.
Pensei em correr para a borda do precipício mais próximo e tentar voar, mas tu eis de saber, caro ser, que eu não conseguiria: minhas asas não cresceram o bastante... e após cada tentativa, voltei e sempre ei de voltar ao chão.
Desejei pegar todos os pedaços de mim e criar a forma física de minha vontade: um pássaro de ferro que estaria preparado para a mais poderosa das tempestades.
Desejei seguir o cordão de prata do meu espírito e deixá-lo apoderar-se das terras sem nome e sem fronteiras.
Desejei florescer em glória. Longe do lúgubre, do ouro e dos tesouros que alimentam as ambições que consomem a pureza.
Desejei que os sorrisos secassem as lágrimas.
Desejei encontrar o céu anil de meu Éden. Não mais lamentar minha tristeza e viver para sempre na Primavera.
Coroar a criança em mim uma rainha, como ela sempre quis ser. Rodopiar em um círculo de Madressilvas desorientadas ao vento.
Encontrar-me onde outros se perderam. Desejei liderar meu caminho.
Desejei.
Apenas desejei.

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