Iminência poética
Ela dizia:
''Na maioria das vezes sinto que estou vivendo em um sonho.
Não que isso signifique algo bom.
Na verdade, sonho é, talvez, o melhor modo para definir a sensação de viver constantemente em um lugar que parece estar cercado por um véu translúcido, porém impenetrável. Um véu de pura neblina diáfana carregada de desejos não realizados, poemas não lidos, espaços vazios e remorsos trancados;
que estão ali para deixar-me inebriada.
Sinto como se estivesse atrás de uma porta que recebe tentativas, a todo momento, de ser aberta por algo que me amedronta. Seres poderosos, acredito. Aqueles monstros, que nunca tive coragem de observar morando embaixo de minha cama. Eles, que com o crescer de meus meus músculos, fugiram para o meu interior.
Viver, para mim, é como sempre estar na iminência de acordar.
Acordar para onde? Não sei.
Passei a acreditar que vida se resume a isto mesmo, no fim: sentir-se preso a nada e a tudo ao mesmo tempo. Ao tocável e ao intocável. Sentir-se preso a cada instante mínimo e eterno.
Mas é essa confusão, enfim, que faz com que tudo se mantenha.''
. . .
Ecoava-se na imensidão de sua existência o barulho estrondoso da última batida na porta. A última e temida batida na porta.
. . .
''Deve ser aí que a realidade começa'', pensou. ''E a sanidade termina.''
''Na maioria das vezes sinto que estou vivendo em um sonho.
Não que isso signifique algo bom.
Na verdade, sonho é, talvez, o melhor modo para definir a sensação de viver constantemente em um lugar que parece estar cercado por um véu translúcido, porém impenetrável. Um véu de pura neblina diáfana carregada de desejos não realizados, poemas não lidos, espaços vazios e remorsos trancados;
que estão ali para deixar-me inebriada.
Sinto como se estivesse atrás de uma porta que recebe tentativas, a todo momento, de ser aberta por algo que me amedronta. Seres poderosos, acredito. Aqueles monstros, que nunca tive coragem de observar morando embaixo de minha cama. Eles, que com o crescer de meus meus músculos, fugiram para o meu interior.
Viver, para mim, é como sempre estar na iminência de acordar.
Acordar para onde? Não sei.
Passei a acreditar que vida se resume a isto mesmo, no fim: sentir-se preso a nada e a tudo ao mesmo tempo. Ao tocável e ao intocável. Sentir-se preso a cada instante mínimo e eterno.
Mas é essa confusão, enfim, que faz com que tudo se mantenha.''
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Ecoava-se na imensidão de sua existência o barulho estrondoso da última batida na porta. A última e temida batida na porta.
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''Deve ser aí que a realidade começa'', pensou. ''E a sanidade termina.''
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