First Love/Five Moons
Desde muito jovem percebi que, apesar de não possuir uma auto confiança digna dos Deuses, gostava de andar sempre olhando para cima, mantendo meus olhos no horizonte. Além deste, se assim pudesse.
Longas caminhadas não eram consideradas cansativas. Na realidade, serviam como pretextos para deixar minhas quatro paredes, que em conjunto costumava chamar de "Lar", bem longe de mim.
Não importava se o tempo estivesse frio, não importava se estivesse quente demais; se o vento estivesse tão forte ao ponto de dezorganizar meus cabelos não-previamente organizados; se a chuva fina me fizesse compainha. Nada importava desde que pudesse observar meu objeto de amor. Aquele que representa o infinito. Aquele que está tão longe e ao mesmo tempo tão perto, transmitindo seu calor e sua proteção até mim.
A partir de então descobri que nunca deixaria de o amar independente de sua forma. De suas cores. Azul vibrante em uma manhã de verão, vermelho alaranjado em um pôr do sol de inverno. Com muitas estrelas o enfeitando e com a Lua agraciando-me ou não com sua presença. Até mesmo cinza, em dias de chuva pois aprendi que, em momentos difíceis, em que não permitia que lágrimas caíssem de meus olhos, é ele quem chorava por mim, em meu lugar.
Não é assim que se descobre o primeiro amor? Sim, o céu foi meu primeiro amor.
De certa forma sei que sempre será. Afinal, as caminhadas continuam, assim como os escapes e as conversas que não fazem palavras necessárias.
O céu escarlate foi meu primeiro amor... mas não foi o último.
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No dia mais frio de Agosto, descobri um lugar chamado Gyeongpodae: uma pequena cidade capaz de testemunhar a linda junção do mar e de um cristalino lago. A cidade permite uma visão única da lua no décimo quinto dia do primeiro mês lunar. Um pavilhão que se localiza em um suposto lugar perfeito é a grande atração turística, que felicita todos os tipos de pessoas, juntamente com sua natureza quase que completamente inexplorada.
Existe um mito conhecido que afirma que é possível ver a lua cinco vezes em uma só noite quando se está em Gyeongpodae.
Desde que encontre no lugar exato, pode-se ver a Lua uma vez no céu, brilhante e pendurada por um fio invisível junto com suas dezenas de estrelas;
uma vez refletida na água salgada do mar à sua direita, perdendo sua forma mas mantendo sua inigualável beleza;
uma refletida na água do lago à sua esquerda, servindo de luz para os animais noturnos;
e uma vez refletida em um copo quando se escolhe este lugar para se fazer um brinde às maravilhas secretas da vida.
A última e quinta possibilidade, no entanto, não ficou clara para minha conturbada mente no início. Tudo é apenas um mito, no final. Deixei estes pensamentos guardados, então.
Com o passar do tempo e com a mudança das estações, em uma noite percebi que conseguia ver meu primeiro objeto de amor olhando de volta para mim, pela primeira vez. De certa forma, conseguia ver o céu refletido naquelas irís. Eu podia ver o céu cinza e lágrimas caindo de lá, assim como a chuva faria. As estrelas estavam lá e também a lua e o sol, tudo ao mesmo tempo, surgindo de acordo com cada emoção transmitida.
Uma epifania me ocorreu, então, tantos ciclos depois:
A quinta vez que se vê a lua em Gyeongpodae é nos olhos da pessoa que se ama.

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