Dança da Primavera

Uma eterna Primavera habita o coração dos que amam.


Há centenas de anos, em Eras distantes, eu costumava ser o Sol do Inverno. Acolhedor e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, intimidador.
Morno, suave e, de certa forma, tranquilo. Era como um redemoinho invisível de sentimentos turbulentos e frequências inaudíveis.

Ela era como uma Chuva de Verão. Intensa, agradável, objetiva.
Envolvente.
Era capaz de mudar tudo desde sua menor partícula, se assim fosse de sua vontade.
Moldar, esculpir.
Escultora de almas.
Todos os seres se renderiam diante de sua magnitude encantadora.

Era um dia de Outono quando tivemos a chance de nos encontrar. Feliz e infelizmente para ambos. Esta estação fluida, lúcida e sagaz nos obrigou a despir-nos de nossos poderes. Sem nossas capas protetoras, tudo poderia acontecer.

E aconteceu. Definitivamente, aconteceu.

O mundo pareceu não mais fazer sentido. Seus contrastes se perdiam lentamente. Tudo se tornou feito da mesma matéria. Da mesma essência. Foi como se espectros de uma luz divina chegassem até mim. Uma luz diferente da minha própria. Transformadora.
Meu coração, que até então pulsava como uma máquina (em ritmo perfeito, porém gelado como mármore) imediatamente se descontrolou. Eu sentia a vida dentro de mim.
Uma brisa neutra tomou conta de meu ser, passando por minha pele e por todos os meus tecidos fazendo carícias que nem os mais sábios poderiam descrever. Estava feito.

Não posso me atrever a tentar explicar o que aconteceu com ela. Será que minhas características inatas também tiveram efeito na poderosa Escultora de Almas? Não se sabe. Fato é que uma coisa não pode mudar outra sem também ser mudada, dizem.

Pois bem, estava feito. A partir desta junção inesperada, nasceram flores. E, mutáveis e inconstantes continuamos até o momento em que vos falo.
Nos tornamos a dança da primavera.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

to my sweet prince.

Sunflower

What is love?